Segundo nova
pesquisa, estima-se que as medidas evitaram cerca de 420.000 mortes decorrentes
do cigarro entre 1989 e 2008 no país
O número de fumantes no Brasil caiu pela metade nos últimos 20 anos
graças às leis anti-fumo implementadas no país, concluiu um estudo feito pelo
Instituto Nacional do Câncer (Inca), no Rio de Janeiro, em parceria com a
Universidade de Georgetown, em Washington, Estados Unidos. De acordo com a
pesquisa, medidas como impostos sobre o cigarro e restrições cigarro em
ambientes fechados evitaram cerca de 420.000 mortes decorrentes de tabagismo
entre 1989 e 2010.
De acordo com o levantamento, feito a partir de um
modelo matemático desenvolvido nos Estados Unidos e com dados epidemiológicos
do Brasil, quase metade (46%) da redução do número de fumantes brasileiros
entre 1989 e 2008 ocorreu devido ao aumento dos impostos sobre os produtos
derivados de tabaco. Os outros responsáveis por essa queda foram as leis de
restrição do cigarro em ambientes fechados (14%) e de publicidade desse tipo de
produto (14%), além dos programas de tratamento contra o tabagismo (10%) e de
advertências dos problemas de saúde nas embalagens (8%) — contrariando
conclusões recentes da Anvisa.
A pesquisa ainda estimou que, caso essas leis
antifumo sejam mantidas, o tabagismo no Brasil cairia mais 39% nos próximos 40
anos e o número de mortes decorrentes do cigarro que poderiam ser evitadas saltaria
para sete milhões entre 1989 e 2050. Se essas políticas forem incrementadas e
se tornarem mais rígidas ao longo dos anos, indicou o estudo, esse número
poderia chegar a 8,3 milhões de mortes evitadas.
Método — O levantamento foi feito com base
no SimSmoke, um modelo matemático criado pelo pesquisador americano David Levy,
da Universidade de Georgetown, que já foi aplicado em mais de 30 países. O
método, que usa dados como a quantidade de fumantes de um país em um
determinado ano e as leis antitabagistas aplicadas nessa região desde essa
data, consegue estimar informações como as taxas de redução do número de
fumantes e de mortes causadas pelo cigarro e o quanto as medidas contribuíram
para a queda.
No caso dessa pesquisa, Levy partiu da taxa de fumantes
no Brasil no ano de 1989, que era de 43,3% entre os homens acima de 18 anos de
idade e 27% entre as mulheres da mesma faixa etária, segundo a Pesquisa
Nacional sobre Saúde e Nutrição (PNSN). Depois, o pesquisador levou em
consideração todas as medidas antifumo aplicadas no país desde então.
Levy, então, fez uma estimativa da redução de
tabagismo que deveria ter ocorrido no Brasil no período de 1989 a 2008 com a
implementação das medidas antifumo caso elas tivessem sido eficazes. Ele
concluiu que, até 2008, essa diminuição deveria ter sido de 47,7% entre os
homens e 48,6% entre as mulheres. O número ao qual o pesquisador chegou foi
praticamente igual ao registrado pelo Global Adult Tobacco Survey (GATS) de
2008, que indicou a redução de 47,1% e 48,5% para homens e mulheres,
respectivamente, no mesmo período.
"O Brasil apresenta uma das histórias de maior
sucesso de saúde pública na redução de mortes devido ao fumo, e isso serve como
modelo para outros países de renda baixa e média. No entanto, vimos que um
conjunto de políticas mais rigorosas poderiam reduzir ainda mais o tabagismo no
país e salvar muito mais vidas", escreveram os autores no artigo.
Fonte: www.portaldoconsumidor.gov.br
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