Com o aumento da taxa de desemprego, que chegou a 8,6% no trimestre encerrado em julho, e a expectativa de uma recessão prolongada no país, crescem as dúvidas de como se organizar financeiramente após uma demissão.
A primeira providência a ser tomada, caso fique sem um emprego fixo, é olhar atentamente as despesas da casa, segundo especialistas em finanças pessoais.
O cálculo deve incluir até mesmo os gastos pequenos para chegar a um diagnóstico preciso da situação atual. Após o levantamento, o indicado é limar tudo o que não for essencial, mantendo na lista somente despesas com moradia, saúde, alimentação, transporte e educação.
Taxa de desocupação
No caso das despesas fixas, também é preciso checar se há espaço para economia. Muitas vezes é possível reduzir contas de água, luz e gás. É importante cortar alimentação fora de casa e, no supermercado, avaliar a escolha de marcas mais baratas.
Com o valor necessário para manter a casa mensalmente, é a hora de calcular as receitas. Verifique o quanto tem a receber de rescisão do empregador, o saldo que poderá ser sacado do fundo de garantia e se terá direito ao seguro-desemprego. Depois, some os valores a eventuais reservas, como aplicações.
A partir daí, calcule quantos meses estarão cobertos com os recursos disponíveis. O ideal é ter uma folga de ao menos seis meses, de acordo com especialistas.
Não é indicado deixar o dinheiro parado na conta-corrente, mesmo sabendo que necessitará dele em breve. O melhor é aplicar os recursos para que rendam e não haja perda do poder de compra. A inflação em doze meses até agosto ficou em 9,53%.
SANGUE FRIO
Se tiver dívidas, não corra para quitá-las com o dinheiro do fundo de garantia, sob o risco de ficar sem receitas para cobrir gastos à frente.
O ideal é buscar os credores, apresentar a situação e tentar renegociar a dívida.
"A pessoa, quando perde o emprego, muitas vezes fica fragilizada e se fecha. Ela precisa fazer essa consulta para ter clareza de todas as possibilidades", diz André Calabro, diretor da Recovery, especializada em recuperação de crédito de inadimplentes.
Pesquisa da empresa com 40 mil devedores, de julho a setembro deste ano, indicou que problemas com o emprego já são um dos principais motivos da inadimplência.
Dos entrevistados, 42% afirmaram que deixaram de pagar porque ficaram desempregados ou estão com salários atrasados, ante 26% no primeiro semestre.
Segundo Calabro, é importante verificar se é possível trocar o financiamento por uma linha com juro menor, caso o orçamento comporte o pagamento das mensalidades. Ou negociar o alongamento da dívida, baixando as parcelas —neste caso, o custo total do empréstimo subirá.
FUI DEMITIDO. E AGORA?
Veja como se organizar financeiramente caso perca o emprego
Nada de luxo
Faça um pente-fino nos gastos da família e veja quais despesas podem ser cortadas de imediato. Nos gastos fixos, veja onde é possível reduzir o consumo ou trocar marcas por opções mais baratas
Direito garantido
Veja quanto receberá do empregador, quanto poderá sacar de FGTS e se tem direito ao seguro-desemprego. Some os valores para saber quanto terá nos próximos meses
Meses cobertos
Considerando as despesas essenciais, calcule quantos meses estão cobertos. O cálculo dará a dimensão do problema. O ideal é ter pelo menos seis meses de despesas garantidas
Dinheiro ativo
Ao receber os recursos, procure transferi-los para algum tipo de aplicação para que rendam juros. É fundamental, porém, que o investimento permita saques
Acordo em vista
Se tiver dívidas, tente renegociá-las, trocando por linhas mais baratas ou estendendo o prazo de pagamento. Use o FGTS para quitá-las somente se ainda sobrarem recursos para bancar as despesas básicas
Sem deslizes
Evite usar o cartão de crédito para não correr o risco de entrar no crédito rotativo. Repense viagens e compras. É importante manter o máximo de reserva financeira possível
Fonte: Folha de S. Paulo
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